[RESENHA] O Ódio que Você Semeia - Angie Thomas

FICHA TÉCNICA

Nome: The Hate U Give (O Ódio que Você Semeia)

Autor(a): Angie Thomas

Editora: Galera Record

País: EUA

 Lançamento: 28 de fevereiro de 2017

Gênero: Ficção juvenil

Páginas: 378

Adicione: Skoob

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SINOPSE: "Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro necessário em tempos tão cruéis e extremos.Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Não faça movimentos bruscos. Deixe sempre as mãos à mostra. Só fale quando te perguntarem algo. Seja obediente. Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto. Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa. Angie Thomas, numa narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. Este é um livro que não se pode ignorar." (Skoob)

 O Ódio que Você Semeia conta a história de Starr, uma jovem negra que vive com sua família no bairro de Garden Heights, comunidade negra e periférica. Sua vida basicamente consiste em ir a escola e depois voltar pra casa. Mas, Starr e seu irmão mais velho, Seven, não estudam no seu bairro, e sim em outro. Um bairro rico e branco, onde as oportunidades e o ensino e a segurança são melhores.

 O livro se inicia com uma festa em GH, onde Starr está com sua amiga e lá reencontra Khalil, que era seu melhor amigo na infância e que a tempos não via. Os dois matam as saudades e passam o tempo juntos. Até que um incidente na festa faz com que todos saiam apressados. Khalil oferece uma carona a Starr, e é aí que nossa história começa.

 Durante o trajeto, em que eles conversavam, são abordados por um policial. Poderia ser mais um caso comum de infração no trânsito (se realmente houvesse uma), se Khalil não terminasse a noite estirado no chão, coberto de sangue. Morto. E Starr é a única testemunha.

 O livro basicamente gira em torno do caso da morte da Khalil, e em como a comunidade negra se cansou de serem mortos apenas pela cor. As coisas tomam proporções ainda maiores quando a mídia começa a soltar mentiras a respeito do garoto, e então começa uma leva de passeatas e manifestações a fim de haver justiça para o garoto. E no meio disso tudo temos Starr, que sabe exatamente o que aconteceu, mas nem isso é suficiente para fazer a verdade vir a tona.

 Esse livro é, em minha mais humilde opinião, o livro que mais me tocou na vida. E de forma pessoal. Foi muito fácil pra mim me identificar com a personagem, até porque também sou negra. Graças a Deus nunca vi nenhum amigo meu morrer, mas já cansei de ouvir casos de colegas meus, alunos e conhecidos que tem parentes mortos, em sua maioria negros, e em muitas vezes sem um motivo.

 O livro conta basicamente a história do negro nos dias de hoje. Não só nos EUA, mas aqui no Brasil, lá na Argentina, lá no Reino Unido, lá em Portugal... Em todo lugar. O negro é massacrado e morto, muitas vezes apenas por sua cor. E como se isso não fosse o bastante, mesmo depois de morto, ainda tem que provar que é inocente.

 Ele é um tapa na cara atrás de tapa na cara que faz com que você pare e reflita sobre muitas ações em sua vida. Sobre o racismo velado. Uma das coisas que mais gostei em Starr foi o dilema em que ela se encontrou: uma garota negra, periférica, estudando e andando em meio a pessoas brancas, namorando um cara branco... Isso a tornava menos negra? Menos digna de sua cor e da luta que ela carrega? É um dilema que muitas jovens negras já passaram, eu inclusa nessa lista. Estou negando minha origens por não estar sempre ao lado dos negros? Por namorar um cara branco? Por meus pais conseguirem com que eu estude numa escola de elite? São esses os pensamentos que rondam a cabeça da nossa protagonista e é muito interessante ver como ela lida com essas questões ao longo da trama.

 O Ódio que Você Semeia veio pra deixar uma mensagem muito clara: não dá mais pra se calar perante o sangue dos meus irmãos negros que correm pelas ruas. Não dá pra ficar em silêncio, enquanto irmãos e irmãs morrem diariamente apenas por terem mais melanina. A luta é contínua, e precisamos estar sempre abertos a conversar, a debater, e a lutar pelo direito a vida dessas pessoas. É um livro que eu recomendo fortemente a todos. Não importa se não é um gênero literário que te agrade, que saia da tua zona de conforto. E se for esse o caso, melhor ainda. O baque vai ser tão forte quanto.

Classificação:

 Lembrando que a 20th Century FOX comprou os direitos do livro e o filme sai em 19 de Outubro nos EUA (ainda sem previsão aqui no Brasil). Vou deixar vocês com o trailer do filme, estrelado pela maravilhosa Amandla Stenberg: